Essa é uma análise do Kobo Glo feita de usuário comum para usuário comum. Não vou abordar características técnicas só compreendidas ou percebidas por “iniciados”, mas os aspectos que mais me interessam como leitora com o objetivo primeiro de ler com o maior conforto possível aquilo que me interessa. As comparações que farei são meramente especulativas, pois não estou comparando produtos similares, mas dispositivos diferentes em termos de tecnologia e de plataforma.
Tenho um Kindle Keyboard 3G (a partir daqui, simplesmente K2 ou Kindle) desde 2010 (genhei de aniversário) e quando abri a caixa não sabia absolutamente nada sobre diferenças de formato, proteções anti pirataria (DRM) e cadastros necessários para poder comprar e ler e-books. Nada que meia dúzia (menos, na verdade) de pesquisas no oráculo não resolvessem. De saída fiquei encantada com a praticidade de poder carregar centenas de livros em pouco mais de 300 g e por poder ler longamente com a mesma sensação visual de estar em frente a uma página de papel. Passei a carregar o kindle sempre comigo e, com isso, consegui aumentar meu tempo de leitura significativamente (até a fila do supermercado virou espaço para ler).
Quando a venda de e-readers com preços um pouco mais razoáveis iniciou no Brasil, no final de 2012, não cogitei comprar um e-reader novo. Mesmo que houvesse modelos mais leves, telas com melhor definição e (aqui uma tentação)telas iluminadas que permitem ler sem iluminação ambiente sem causar o cansaço que a iluminação de um tablet provoca em leituras longas, eu tinha um argumento mais forte: meu Kindle continua funcionando muitíssimo bem e não sou favorável à obsolescência programada das coisas porque penso no desperdícios de recursos naturais (e de grana) que isso representa. Mas eis que no aniversário de 2013 um Kobo Glo apresenta-se no gracioso pacote de presente com papel de temática retrô. Impossível não dar gritinhos de contentamento.
Então, partilho com vocês minhas impressões sobre os aspectos que considero mais relevantes num e-reder: peso; conforto de leitura; intuitividade dos controles / configurações, facilidade de compra de e-books / transferência para o dispositivo; duração da bateria; e facilidade para anotações.
Inclui o Ipad nessa comparação porque sabemos que uma boa parcela daqueles que leem e-books no Brasil o fazem em um tablet do tipo, mas eu, embora possua um, não o utilizo para leitura com frequência.
Diferença de peso / tamanho entre o Kobo Glo, o Kindle Keyboard e o iPad
Aqui não é preciso espichar muito o comentário, as diferenças são objetivas: O Kobo Glo pesa 185 gramas, posso segurá-lo facilmente com apenas uma mão. Já o meu K2 tem 240 gramas e com aquela capinha de couro maneira, atingimos um pouco mais de 300 gramas, o que não é nenhum limitante para leitura, especialmente porque ainda permite segurar o dispositivo com apenas uma mão (mas a bolsa ficará mais leve com o Kobo Glo). Já o Ipad pesa 700 gramas sem capa e é impossível ler sem segurá-lo com ambas as mãos – limitante em muitas situações. Na hora de se acomodar no ônibus, sofá ou mesa do café com um dispositivo de leitura, não tenho dúvida de que o mais leve tem vantagem, mas o formato (“pegável” com apenas uma mão) é ainda mais importante. Estou muito satisfeita com o conforto de manuseio do Kobo Glo, assim como estava satisfeita com o Kindle.
Conforto (visual) de leitura no Kobo Glo, no Kindle Keyboard e no iPad
Não gosto de ler no iPad, admito. Mesmo ajustando a intensidade de brilho da tela, não acho confortável, embora em geral os e-books formatados para o Ipad / iPhone sejam visualmente interessantes. A passagem de página funciona muito bem e se o livro for lido no aplicativo iBooks ainda tem aquela graça de simular uma virada de página de livro físico. Ainda assim, raramente leio no iPad, a menos que os demais dispositivos ou um livro de papel não estejam à mão.
Quanto ao Kindle, a tela é ótima e a passagem de página através dos botões laterais não apresenta falhas. Já o Kobo Glo, que tem boa resolução e eliminou o problema de não poder ler num carro à noite sem acender alguma luz, não tem a passagem de página tão eficiente. Nada que prejudique seriamente a experiência de leitura, mas não é incomum ter de tocar na tela mais de uma vez até que a página realmente mude. Conversando com uma usuária do Kobo touch não ouvi esse tipo de reclamação, mas já havia lido avaliações de outros usuários que reportam demora de resposta da tela touch.
Controles / configurações do Kobo Glo, Kindle Keyboard e iPad
Nesse quesito o iPad dispensa apresentações. É dos aparelhos de uso mais intuitivo que já conheci, mas os e-readers não assustam nem mesmo usuários iniciantes.
Meu Kindle só tem a desvantagem parcial de ter menu em inglês, mas como conta com o botão de navegação fiveway, que permite passear pelos menus nas 4 direções e selecionar a opção desejada pressionando o botão, como se fosse uma tecla enter, em poucos segundos já tinha encontrado tudo que me interessava (pesquisar livros, selecioná-los para ler e, mais tarde, agrupá-los em pastas).
Já o Kobo Glo, além de oferecer menu em português, é touch screen. Achei fácil localizar as configurações, que oferecem mais alternativas que o Kindle (mudança de fonte, controle da luminosidade da tela para ler no escuro, alinhamento justificado do texto e em que parte da tela se deseja tocar para avançar ou retroceder de página). A pesquisa por títulos armazenados no aparelho também funciona melhor que no Kindle e quando se tem um número grande de títulos armazenados isso é bem relevante.
Comprando e-books para o Kobo Glo, Kindle Keyboard e iPad
De modo bem simplista, comprar via iBookstore é facílimo, depende apenas de se estar conectado e já possuir uma conta iTunes, mas, em geral, é caro (embora exista um grande número de títulos oferecidos de modo gratuito, incluindo meu e-book contos.com).
Os preços da Amazon são imbatíveis (recebo ótimas dicas de promoções toda a semana, sempre com bons ou razoáveis e-books a menos de R$10,00, por vezes até menos de R$5,00), mas o formato do livro obrigada todos que não tem um pouco de habilidade e paciência a lê-los apenas no kindle ou em seus aplicativos para computadores e smartphones.
Já o Kobo é mais democrático, aceitando e-books em diferentes formatos (exceto o mobi, formato padrão do kindle) comprados em qualquer livraria online. Exige, porém, que se use ou o Adobe Digital Editions ou seu próprio gerenciador de biblioteca (do qual não gosto) caso se trate de livros com DRM.
Duração da bateria do Kobo Glo, do Kindle Keyboard e do iPad
O iPad dura no máximo um dia. O Kindle eu costumava carregar uma vez por vez, usando-o grande parte do tempo com 3G desligado para poupar bateria.
Já o Kobo, bem, estou lendo em média meia hora por dia com ele e nem sempre uso a iluminação. Ele foi ligado pela primeira vez em 29/06 e até agora gastou apenas 18% da carga. Quando tiver de recarregá-lo atualizo o post informando a duração efetiva. Até 20/08 tive de carregar somente uma vez a bateria, mantendo uma média de leitura diária de 40 minutos, com o wi-fi desligado.
Fazendo anotações no Kobo Glo, no Kindle Keyboard e no iPad
Nenhum dos aparelhos é tão bom para anotãções como um livro de papel e um lápis ou caneta, mas diante do possível, o Kindle é o que tem melhor performance. Mesmo que seu teclado soe capenguinha, ainda é mais preciso e rápido para digitar do que os teclados virtuais do iPad ou do Kobo.
Dos teclados virtuais, o do iPad é melhor, por conta da responsividade da tela, que é muito superior. Assim, devo admitir que sublinhar trechos ou fazer comentários com o Kobo Glo, apesar de possível, não é fácil bem gostoso. Mas isso não compromete de modo sério a experiência de poder ler em qualquer ambiente em um suporte tão leve e prático de transportar.
Para um comparativo entre o paperwhite e o glo, confira aqui!